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SUGGERERE

30 jan

Categoria: Livro

O CASTELO

“O Castelo”, de Franz Kafka, narra a peleja de K. que, ao ser chamado para trabalhar numa vila europeia como agrimensor, tenta se estabelecer dignamente naquele local, exercendo a função para a qual ele foi designado.

Contudo, logo de início, K. percebeu que não seria fácil a vida no novo lugar, pois, antes de conseguir pernoitar pela primeira vez na estalagem da ponte, ele é humilhado por Schwarzer que alegou ser filho do castelão. Dentre outras coisas, Schwarzer disse que, para se alojar naquele lugar, K. precisava de uma autorização do Castelo, de onde vinham as ordens supremas responsáveis pela boa administração da vila. Apesar do ocorrido, K. conseguiu provar ser agrimensor contratado pelo Castelo.

A fim de saber como seria iniciado seu trabalho e sob quais condições ele seria submetido, K. sai a procura do caminho do castelo para arrazoar com os seus superiores. No caminho, ele começa a observar a vila e percebe sua solidão ali e com que frieza e resguardo é levada a vida naquele lugar. Vencido pelo cansaço, K. retorna a estalagem da ponte. Lá, ele recebe uma carta de admissão do chefe do departamento x – Herr Klamm -, permeada de ambiguidades. Isso só fez aumentar a vontade dele ter uma acareação com Klamm, vontade muito criticada pelos moradores da vila.

Daí, através do prefeito, menos importante e, portanto, mais solícito (percebemos aqui uma das várias críticas proferidas no livro), K. fica sabendo que, na verdade, a contratação de seu serviço não passou de um erro burocrático da administração, representada pelo castelo, e que, portanto, se ele quisesse trabalhar na vila, teria que ser noutro emprego e não na agrimensura, tarefa não precisada pelo Castelo e, consequentemente, pela vila. K., obviamente, se sente lesionado e percebe que um trabalho mal feito, ou seja, que não se utiliza bem do sistema burocrático, pode decidir a vida de um ser humano.

Talvez querendo justificar o grave erro cometido, o prefeito ainda tenta descrever o trabalho de Sordini, um dos responsáveis pelo equívoco: “Ele não pode descer até aqui, está acumulado de trabalho; pelas descrições que ouvi da sala dele, todas as paredes estão cobertas com pilhas de documentos amarrados, uma pilha sobre a outra; são somente os documentos que Sordini está utilizando no momento e como pacotes de papéis estão sendo continuamente retirados e novos trazidos, e tudo com muita pressa, essas colunas estão sempre caindo sobre o assoalho e exatamente esses estrépitos perpétuos, as pilhas caindo umas sobre as outras, é que vieram a distinguir a sala de trabalho de Sordini”.

Como vocês puderam perceber, a crítica principal feita por Franz Kafka é lançada contra a má utilização da burocracia. Contudo, ele não deixa de analisar outros pontos também pertinentes e atuais (apesar de ter sido escrito em 1922), oriundos das relações sociais: alienação, submissão, corrupção etc.

K. é categórico ao inferir daquela realidade: “Muita coisa aqui parece ter sido ordenada de tal forma a assustar as pessoas, e para um recém-chegado os obstáculos parecem absolutamente insuperáveis. Talvez a aparência não corresponda à realidade, na minha posição me falta imparcialidade para chegar a uma conclusão sobre isso, mas preste atenção, há às vezes, afinal, oportunidades quase em desacordo com a situação geral, oportunidades em que, por meio de uma palavra, um olhar, um sinal de confiança, se pode conseguir mais do que por meio de esforços exaustivos a vida inteira”.

Paro a descrição e análise da história por aqui, para que não vos apresente os detalhes dignos da leitura íntegra.

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NÚMERO DE PÁGINAS: 446

PRINCIPAIS PERSONAGENS: K., SCHWARZER, ESTALAJADEIRO(HANS), ESTALAJADEIRA(GARDENA), FRIEDA, KLAMM, O PREFEITO, O PROFESSOR, ARTHUR, JEREMIAS, BARNABÁS, OLGA, AMÁLIA, PEPI, GERSTÄKER.